sexta-feira, 30 de abril de 2010

1ª Conferência do Mestrado em Pedagogia do Elearning - myMPeL2010




A 1ª Conferência do Mestrado em Pedagogia do Elearning - myMPeL2010 irá realizar-se no próximo dia 14 de Maio no Museu das Comunicações em Lisboa.
Esta conferência é uma iniciativa da Coordenação do MPEL no quadro do Departamento de Educação e Ensino a Distância [DEED] da Universidade Aberta. Tem como principal objectivo proporcionar um espaço de reflexão, diálogo e partilha entre toda a comunidade do curso - professores, estudantes, ex-estudantes, especialistas em pedagogia do elearning - bem como com os investigadores e profissionais da área do elearning.
Mas, esta conferência pretende ser o reflexo de uma visão do que é ensinar online e do que é aprender online, no momento actual.
Sendo um curso que decorre totalmente online, a organização desta conferência pretende constituir-se como o testemunho de um percurso efectuado online, uma reflexão dos seus protagonistas e da comunidade académica e profissional com que se relaciona sobre o que foi, como está a ser, e dos desafios para o futuro.
No site da Conferência- myMPeL2010 está já disponível o programa.
Em nome da organização da conferência, sejam bem-vindos/as!

A Conferência conta com os seguintes apoios:
• Fundação Portuguesa das Comunicações
• Laboratório de Ensino a Distância da UAb
• Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação [LATEC]

1ª Conferência do Mestrado em Pedagogia do Elearning myMpeL, 2010
Lisboa: Museu das Comunicações

PROGRAMA

MANHÃ - 9.30-13.00

9,30 - ABERTURA: REITOR DA UNIVERSIDADE ABERTA
DIRECTORA DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E ENSINO A DISTÂNCIA , DEED
10.00‐ 10.40. PAINEL DA COORDENAÇÃO DO MPEL
COORDENAÇÃO DO MESTRADO EM PEDAGOGIA DO ELEARNING
A ecologia do curso MPEL: balanço e desafios LINA MORGADO
MESTRADO EM PEDAGOGIA DO ELEARNING Apresentação do MPEL3 ESTUDANTES DO MPEL
10.45‐11.45. PAINEL DE DOCENTES: CONTRIBUTOS DO CURRÍCULO DO MESTRADO MPEL
MODERAÇÃO ROSA MIRANDA, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL «À luz do quarto escuro»: para uma compreensão dos processos de comunicação online
ANTÓNIO‐QUINTAS MENDES
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO EM CONTEXTOS ONLINE
e‐research‐ Investigar o elearning ALDA PEREIRA
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM REDE Autenticidade e Transparência na Rede: Reinventando o Debate sobre o Outro que Eu também Sou
ANTÓNIO TEIXEIRA

11.45‐12.00 COFFEE‐BREAK

12.00‐12.40 : MORTEN PAULSEN‐ NKI/UAb CONFERÊNCIA EM INGLÊS
PROCESSOS PEDAGÓGICOS EM ELEARNING The experience in MPEL, Universidade Aberta MORTEN PAULSEN
12.50: FOTO OFICIAL DO MESTRADO EM PEDAGOGIA DO ELEARNING

TARDE: 14.00‐15.00

PAINEL INTER‐INSTITUCIONAL: EXPERIÊNCIAS DE MESTRADOS
MESTRADO EUROMIME
UTL‐UNED‐UNIV. POITIERS
El estudiante EUROMIME y su aprendizaje numa mochila
OSCAR ALONSO CASTÃNEDA
MESTRADO INFORMÁTICA EDUCACIONAL,
UNIV. CATÓLICA PORTUGUESA
O Estudante Online....a transformação TERESA OLIVEIRA
MESTRADO EM EDUCAÇÃO/ COMUNICAÇÃO MULTIMEDIA, INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM
Sloodle: meio de interacção para a aprendizagem a distância
ÂNGELO CORTESÃO
15.00-15.45
PAINEL DE MESTRES EM PEDAGOGIA DO ELEARNING
UNIDADE DE ENSINO A DISTÂNCIA/IPL Contexto e Conteúdos: da teoria à prática NELSON JORGE
UNIVERSIDADE ABERTA As pistas de proximidade nos cursos em Elearning LEONOR SANTOS
UNIDADE DE ENSINO A DISTÂNCIA A acessibilidade em elearningaos conteúdos multiformato
MANUELA FRANCISCO

16,00‐16,45 COFFEE‐BREAK

PAINEL DO LABORATÓRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UAB
LEAD, UAB Os PLE‐ Ambientes Pessoais de Aprendizagem no contexto da UAb
JOSÉ MOTA
LEAD, UAB Second Life
LEAD, UAB A Avaliação Digital no Ensino Superior. o caso da UAb LUÍS TINOCA
17,00-17,45
PROJECTOS MPEL
A PRESENTAÇÃO DE PROJECTOS
18.00 SÍNTESE DA CONFERÊNCIA E ENCERRAMENTO

Saudações académicas

quinta-feira, 29 de abril de 2010

PPEL, Unit 2, Task 4

RolePlay discussion


ONLINE TEACHING TECHNIQUES

Hello,
I am Jorge Forhilde, I’m 46 years old and I live in Coimbra, Portugal.
I have a 15 years old daughter, Sara.

I am programming languages teacher at the Institution of Engineering and Technology of Coimbra.
I also teach Programming Techniques and Software Engineering as an online teacher.
I teach both face-to-face and at the distance, which does not give me much space and time freedom.
Simultaneously, I have to provide feedback on students' performance and develop e-learning material.
Thus, my biggest challenge is to manage my time the best possible way.
I have to use some techniques to reduce my workload. Here are a couple of them, taught by a Norwegian friend of mine: I created and maintain a large database of answers to my students' FAQs and I use the forums instead of individual e-mails, so others students can find answers to a lot of questions already asked.
I use also several templates of reports, assessments, standard letters and messages, and a lot of spreadsheets and data bases, in order to organize my data and save time.
However, the key of my workload reduction is the organization of my work and the preparation in advance of my tasks. Without it my life would be chaotic.
I will stay tuned to new methods that I may learn from your communications.

Best regards
Jorge Forhilde

segunda-feira, 26 de abril de 2010

EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM REDE - Actividade 3

Caro Joaquim

Em resposta ao teu último e excelente post, gostaria de continuar contigo a contextualização histórica, bem como clarificar alguns pormenores.

Assim, quando disse "surpreende-me que sua a inquietação surja tão tardiamente no tempo histórico", não me referia ao período em que o fez, nem à idade com que o fez. Mea culpa. Não fui claro o suficiente ao expressar-me. Pretendi, sim, dizer que se todo este processo que conduziu ao desaparecimento das formas tradicionais de encarar o tempo e o espaço já se tinha iniciado muito antes, remontando ao período da expansão terrestre e marítima europeia iniciada no séc. XIV, e acelerando ao longo dos séculos seguintes, (portanto, bem antes da revolução industrial e do o desenvolvimento da ciência a partir do séc. XVII) constituindo os primeiros passos daquilo que agora apelidamos de globalização, os seus efeitos já se vinham fazendo sentir há muito tempo e só agora é que Virilio lança o seu angustiado grito de alerta.
Qual é o limite que o autor acha que foi ultrapassado e quando é que ele entende que isso aconteceu?
Na minha opinião, já há duas décadas atrás, com a tecnologia dos anos 80 do séc. XX (satélites, televisão, rádio, telefone, telex, minitel, computadores, correio postal, infraestruturas de estradas e auto-estradas, portos e aeroportos e rápidos meios de comunicação terrestres, marítimos, aéreos e espaciais) o mundo tinha encolhido dramaticamente comparando com os séculos anteriores. As formas tradicionais de encarar o tempo e o espaço já tinham sido irreversível e profundamente alteradas. Ora, nas minhas leituras de Virilio não encontrei alertas de perigo em relação a este período.
Só porque estas formas de encarar o tempo e o espaço foram um pouco mais modificadas com o aparecimento da rede global e a informação, de forma veloz, passou a circular velocíssima. Poderá este acréscimo de velocidade (muito pequeno à escala da história conjuntural, de ritmo mais lento, irrelevante à escala da história estrutural, de longa duração, e apenas passível de ser registado na história dos acontecimentos, de tempo curto, de acordo com a perspectiva Braudeliana) justificar o súbito aparecimento de todos os receios de Virilio?
É aqui que me surpreende que "a sua inquietação surja tão tardiamente no tempo histórico".
Terei conseguido, agora, ser um pouco mais claro nas minhas reflexões?

Quanto ao aparecimento das "novas tecnologias", referi: "As "novas tecnologias" não apareceram no final do séc. XX. Bem pelo contrário. A agricultura foi uma nova tecnologia. A escrita foi uma nova tecnologia. A máquina a vapor foi uma nova tecnologia. A transmissão de mensagens por código Morse foi uma nova tecnologia. A Humanidade tem consciência disto desde a altura em que as inovações começaram a ocorrer. Não é de agora. Não é recente. Não constitui novidade".
Afirmei-o com a intenção de contrariar a impressão que existe actualmente que é a primeira vez que a Humanidade se defronta com uma alteração profunda do quadro tecnológico, e não as pretendi incluir no campo das tecnologias de que Virilio fala.
Reconheço-te o mérito de teres detectado um lapso que cometi. De facto, a escrita não é intrinsecamente uma tecnologia, embora as técnicas de fabricar os materiais a ela necessários e os processos de a passar à pedra, ao barro, ao papiro ou ao pergaminho o sejam.
Porém, discordo frontalmente da tua afirmação "é difícil encontrar algo na agricultura que possamos dizer "Atenção! Que há a possibilidade de haver um grave problema". O que dizer do excesso de desflorestação a fim de conseguir zonas destinadas à agricultura, com as inerentes consequências no aumento do efeito de estufa? Ou a poluição do ambiente com pesticidas? Ou, ainda, da destruição de solos pela prática agrícola demasiadamente intensiva ou pelo uso abusivo de químicos? Ou, ainda mais grave, a seca de zonas outrora cheias de água pelo desvio descuidado e irresponsável de rios? Ou a salinização dos solos que os esterilizam? Isto deve fazer levantar o sobrolho a toda a população mundial e não apenas a uns quantos caçadores-recolectores.

Tal como tu, temo que estas considerações nos tenham afastado um pouco do tema do nosso debate. Mas há assuntos que nos são particularmente queridos e aos quais não resistimos a tentar aprofundar.
Haveria uma série de outros aspectos colaterais a esta discussão que gostaria de continuar a debater contigo, mas, aí sim, afastar-nos-íamos ainda mais dos nossos objectivos.

Cumprimentos
Fernando Faria

domingo, 25 de abril de 2010

EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM REDE - Actividade 3

Cara colega moderadora Denyze, cara "colega de equipa" Helena e caros "adversários" Margarida e Joaquim

A conversa está agradável. Só falta uma mesa, cinco cadeiras e uma esplanada simpática para aproveitar este sol glorioso em tão estimulante companhia. Mas vamos ao trabalho.

Penso que todos estamos de acordo sobre alguns aspectos que têm sido referidos neste debate:
- Nenhum de nós está contra a tecnologia nem contra a sua utilização;
- Todos nós reconhecemos enormes vantagens e benefícios decorrentes do seu emprego;
- Tudo, e a tecnologia não é excepção, tem inconvenientes e é passível de ser mal usado.
Não pretendo enveredar pelo caminho fácil de sustentar as minhas posições colocando palavras na boca de outrem, mas creio que Virilio e Baudrillard também concordariam com estas afirmações. É certo que poderá ser um risco, mas vou partir deste princípio.

Se, até aqui, penso estarmos todos de acordo, então em que diferem as posições de cada um dos autores citados e que nós, de acordo com os objectivos desta actividade, devemos defender?

Em primeiro lugar, Paul Virilio faz-nos um pungente alerta para vários perigos decorrentes do uso das recentes tecnologias de informação e comunicação. Aqueles que foram mais referidos nos posts anteriores foram:
"a tecnologia fez desaparecer as formas tradicionais de encarar o tempo e o espaço, sendo que a velocidade faz com que o presente se torne mais importante que o passado e o futuro, como se só existisse o imediato."
"a tecnologia torna a Terra mais pequena, dando a ilusão de que estamos todos muito mais próximos uns dos outros. Isso pode criar uma sensação de asfixia."


Por outro lado, e levando de novo em conta os posts até aqui publicados, Baudrillard aponta-nos a simulação da realidade, a hiper-realidade, o simulacro, a representação sem original, como ameaças a ter em conta (por isso tenho tanta dificuldade em enquadrar Baudrillard no rol de indefectíveis optimistas em relação ao uso das tecnologias, como já aflorei num post anterior).

Ou seja, ambos os autores denunciam diversos aspectos que lhes parecem particularmente prejudiciais ou perniciosos decorrentes do impacto da tecnologia na sociedade contemporânea.
Penso que é legítimo e mesmo desejável que assim seja. A sua condição de pensadores e críticos assim o determina. Cumprem plenamente a sua função.

Mas, e nós, cidadãos? Que leitura deveremos fazer destes alertas? De que forma deveremos reagir a eles?
Uma vez que aqueles dois autores não respondem a estas perguntas caberá, evidentemente, a nós fazê-lo.

Antes de mais, creio que devemos estar gratos pelos avisos que nos são feitos, mas cada um de nós deve utilizar o seu intelecto para interpretar o significado destes perigos que, de facto, corremos, e saber lidar da melhor forma possível com eles.
Saibamos lidar com a nova forma de encarar o tempo e o espaço e disso tirar o melhor partido possível.
Saibamos usufruir de uma Terra mais pequena e da ilusão (ou facto?) de que estamos todos muito mais próximos uns dos outros, sem que isso nos cause asfixia, pois daí poderemos tirar enormes dividendos e vantagens.
Saibamos distinguir o cachimbo da sua representação gráfica (exemplo que a Margarida brilhantemente citou) para mais facilmente podermos analisar e desmontar discursos publicitários ou políticos (não serão estes termos equivalentes neste contexto?).

Será fácil? Com certeza que não. Mas isto conduz-nos, quanto a mim, ao cerne da questão. Partindo deste ponto, existem duas atitudes possíveis: Ou se confia na inteligência, na capacidade crítica e na sensatez das pessoas para o conseguir e esses constituir-se-ão como parte dos optimistas em relação ao uso das tecnologias, ou nega-se-lhes lapidarmente essas capacidades, e esses engrossarão as fileiras dos pessimistas.

Contudo, o mundo não se resume ao preto e ao branco. As optimistas e aos pessimistas. Aos que se conseguirão furtar a esses perigos e aos que a eles soçobrarão. Todos nós, e por inúmeras vezes, nos encontraremos alternadamente nos dois campos. No entanto, é aqui que me faz sentido introduzir a esperança num benéfico impacto da tecnologia na sociedade actual e nas nossas vidas. Tentemos ser lúcidos e ponderados nestes tempos tecnologicamente conturbados, no meio de um enorme turbilhão de conteúdos e formas, de um colossal dilúvio informacional de que falava Pierre Lévy e de representações perfeitas da realidade que a distorcem.

Assim como a electricidade pode ser utilizada em equipamento médico que permite manter e melhorar a qualidade de vida ou, pelo contrário, ser utilizada em mórbidas máquinas que a retiram, também o uso que fazemos da tecnologia pode ser edificante, proveitoso, gratificante e construtivo ou, ao invés, alienante, desviante, lesivo e equivocado. Cabe-nos a nós, em liberdade, prepararmo-nos para fazermos esta opção.

sábado, 24 de abril de 2010

EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM REDE - Actividade 3

Caros colegas Virilianos Margarida e Joaquim

Bem-vindos ao debate.
Li atentamente os vossos posts, onde apresentam sucintamente algumas das posições de Paul Virilio, bem como vários dos seus textos.
A fim de iniciarmos a nossa troca de argumentos, seleccionei algumas das frases por vós publicadas, para a elas responder, tentando dissipar um pouco desse pessimismo que destila do pensamento do autor que escolheram representar.


"Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:

Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!

Dura inquietação d'alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!

A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos, e de minas
D'ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias?"


Os Lusíadas, Luis de Camões, Canto IV, 94-97


"Virilio considera que a tecnologia veio transformar o mundo fazendo desaparecer as formas tradicionais de encarar o tempo e o espaço. O problema não está na informação, mas na sua velocidade. Essa velocidade faz com que o presente se torne mais importante que o passado e o futuro, como se só existisse o imediato."

"A velocidade também faz com que a terra fique mais pequena, dando a ilusão de que estamos todos muito mais próximos uns dos outros. Isso pode criar uma sensação de asfixia, como se o espaço tivesse sido reduzido. Finalmente, como a informação circula tão rápido, é como se o que acontece numa ponta do mundo estivesse a acontecer aqui. Isso cria a sensação de um acidente global."

"Outro aspecto importante para Virilio é a destruição dos "tempos locais". (...) O "tempo real" substitui o "espaço real". (...) Este tempo global será igualmente o fim da riqueza da História."


Paul Virilio


Creio que quando Virilio se refere a "tecnologia" se refere às chamadas "Tecnologias de Informação e Comunicação".
Surpreende-me que sua a inquietação surja tão tardiamente no tempo histórico. Com efeito, "a tecnologia que veio transformar o mundo fazendo desaparecer as formas tradicionais de encarar o tempo e o espaço" começou a surgir desde que o homem atingiu o estádio de ser inteligente, nomeadamente com a todas as invenções e aperfeiçoamentos que permitiram a criação e o desenvolvimento dos meios de comunicação e de transporte, quer de pessoas e de mercadorias, quer de ideias.
Assim, e não pretendendo ser exaustivo, temos como exemplos dos primeiros a fala, a escrita, o papiro, o pergaminho, o papel, a tinta, a impressão tanto de caracteres fixos como de caracteres móveis, o livro, a imprensa escrita, o correio a cavalo, a telegrafia sem fios, o rádio, o cinema, a televisão, o telefone fixo e móvel, o telex, o fax, os satélites de comunicação, etc, enquanto dos segundos citemos a roda, a tracção animal, o motor (tema tão caro a Virilio) a vapor e, mais tarde, o motor de explosão, que permitiram substituir a tracção humana e animal pela tracção mecânica, e assim dar origem ao aparecimento de uma enorme diversidade de meios de transporte terrestres, marítimos e aéreos, dos simples carros atrelados e toscas jangadas aos mais recentes, rápidos e confortáveis automóveis, barcos e aviões, constituindo o pináculo deste desenvolvimento a concepção de veículos capazes de levar seres humanos para mundos afastados do nosso planeta, no espaço sideral.

Todos estes resultados do admirável génio humano contribuíram para "fazer desaparecer as formas tradicionais de encarar o tempo e o espaço". Primeiro lentamente, depois de uma forma uniformemente acelerada.
Talvez com a excepção das inovações anteriores aos registos históricos e, como tal, não documentadas, todos estes avanços tecnológicos tiveram os seus detractores e opositores. Todos eles provocaram receios e resistências.
Os exemplos são inúmeros, desde a antiguidade até aos dias de hoje: desde a proibição de aprender a ler e a escrever a todas as classes que se pretendia manter na ignorância a fim de conseguir a eternização no poder, até à proibição em tempos mais recentes do acesso a simples telefones, faxes e fotocopiadoras, como aconteceu num passado muito recente em diversos estados totalitários contemporâneos.

Luis Vaz de Camões foi muito feliz ao descrever os pessimistas, os conservadores e aqueles que não acreditam no sucesso de uma qualquer empresa, com a criação de uma personagem que ficou indelevelmente marcada na consciência nacional, o Velho do Restelo.

As "novas tecnologias" não apareceram no final do séc. XX. Bem pelo contrário. A agricultura foi uma nova tecnologia. A escrita foi uma nova tecnologia. A máquina a vapor foi uma nova tecnologia. A transmissão de mensagens por código Morse foi uma nova tecnologia.

É certo que qualquer inovação encerra riscos, desvantagens e inconvenientes. Tudo aquilo que proporciona benefícios acarreta igualmente incómodos e não poucas vezes prejuízos e danos.
A Humanidade tem consciência disto desde a altura em que as inovações começaram a ocorrer. Não é de agora. Não é recente. Não constitui novidade.
A invenção dos primeiros machados em pedra lascadas possibilitaram o abate de animais destinados à alimentação, mas também foram, seguramente, a arma de homicídios da preciosa e então escassa vida humana.
Como refere Virilio, a invenção do comboio trouxe os descarrilamentos. Acrescento eu: a invenção do automóvel provocou o aparecimento dos acidentes rodoviários, dos atropelamentos e do uso desses veículos com finalidades criminosas e bélicas.
O aparecimento das denominadas TIC desencadeou o surgimento de hackers, crakers, virus, devassa da vida pessoal, roubo de identidades e os mais variados crimes informáticos.

Virilio considera o ciberespaço um espaço de fachada onde a realidade está dividida entre o real e o virtual e sofre acidentes que a podem destruir. Mas não poderíamos considerar da mesma forma a imprensa, a literatura e o cinema? Todos estes meios possibilitam a cada um criar a sua ilusão, a sua falácia, a sua mentira, a sua propaganda. No entanto, devemos deixar de ler um livro ou um jornal e de ir ao cinema?

As questões fundamentais são, para mim, estas: Que balanço faz a Humanidade destas invenções e inovações? De que forma as utiliza? Serão tantas as suas desvantagens e inconvenientes que se sobrepõem aos seus benefícios e, como consequência, os seres humanos devam libertar-se delas?

Creio que se escrutinarmos a vida e a actividade profissional de Virilio encontraremos algumas respostas a estas perguntas. Este autor, enquanto cidadão atento e crítico do seu mundo, é um consumidor activo de informação, logo utiliza e beneficia de toda a tecnologia dos nossos dias. Provavelmente, também não abdica dos meios de comunicação e de transporte que actualmente tem à sua disposição. Estará ele disposto a prescindir de tudo isso? Estará o resto da Humanidade também disposta a dispensar todos estes avanços tecnológicos e voltar à caverna, a exemplo dos jovens japoneses que se encerram no seu quarto e que por isso são quase louvados por Virilio?

Creio que o bom senso, o exercício do espírito crítico e a inteligência serão a resposta a várias destas questões. Penso que reside aqui o pessimismo viriliano. Ele não reconhece às populações, em geral, estas qualidades. Por isso as acha vulneráveis, passíveis de serem enganadas e incapazes de distinguir entre o que vale e não vale a pena na utilização das recentes tecnologias. Sente que não serão capazes de se adaptarem às "novas formas de encarar o tempo e o espaço".

Porém, como tantas vezes tem acontecido ao longo da História, os homens irão provar que, com a sua sabedoria e a sua inteligência, saberão evitar as armadilhas e os inconvenientes que acompanham as tecnologias mais recentes e saberão delas tirar proveito, de forma mais nobre e elevada.

"Paul Virilio, podemos de certa forma dizê-lo, perscrutou o futuro e não gostou do que viu." George Orwell, em 1949, viu o futuro, em 1984. Também não gostou do que viu: um mundo governado de forma totalitária, ditatorial, repressiva, recorrendo a um controlo total da vida dos cidadãos e com um profundo desprezo pelos direitos do indivíduo. Portugal passou igualmente por este pesadelo. Mas a data que amanhã se comemora (25 de Abril) é um perfeito exemplo de que um povo, por maior que seja o seu analfabetismo e iliteracia, sabe sempre escolher o caminho da liberdade e da tolerância e delas fazer bom uso. O mesmo acontecerá com o uso da tecnologia.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

APRENDIZAGEM E TECNOLOGIAS - Actividade 3

Temática: Abordagem da perspectiva Social sobre a Aprendizagem Colaborativa Mediada por Computador, Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL)


No seu artigo Building Collaborative Knowing: Elements of a Social Theory of CSCL, Gerry Stahl pretende desenvolver um enquadramento teórico para a Aprendizagem Colaborativa Mediada por Computador (CSCL - Computer Supported Collaborative Learning).
Em última análise, o autor pretende construir uma teoria que auxilie a enquadrar e a compreender o "processo pelo qual um pequeno grupo constrói novo conhecimento de forma colaborativa".
Segundo Stahl, "não se pode avançar sem teoria. Como é que desenvolvedores, professores ou pesquisadores saberão que tipo de software ou currículo desenvolver, como introduzi-lo na sala de aula, ou a forma de avaliar a sua eficácia, sem uma teoria da CSCL?".

Como é que a aprendizagem é perspectivada por Stahl?
Segundo Stahl, a aprendizagem pode ser vista como "a construção e acumulação gradual de artefactos cognitivos e linguísticos refinados e complexos".
No entanto, uma vez que a palavra “aprender” remete frequentemente para processos psicológicos ou mentais a nível do participante individual, o autor utiliza o termo "construir conhecimento", em vez de "aprendizagem". Ao invés de dizer que "um grupo aprende", diz que "constrói a extensão do seu conhecimento".
Quanto às formas como a "aprendizagem" pode ocorrer, G. S. descrimina: "em períodos de tempo mais curtos e mais longos, individual e socialmente, formal e informalmente, tácita e explicitamente, na prática e na teoria"; em relação às formas pelas quais as pessoas colaboraram e aprendem, enumera: "ensinando uns aos outros, vendo a partir de perspectivas diferentes, dividindo tarefas, partilhando resultados, "brainstorming", criticando, negociando, estabelecendo compromissos, concordando".
No entanto, este aprendizagem remete para o indivíduo e nele se centra.
Na construção de conhecimento colaborativo, os membros do grupo inventam conhecimentos e competências em conjunto que nenhum deles teria provavelmente construído sozinho.
No seu artigo, Stahl faz diversas referências à aprendizagem colaborativa; "A aprendizagem colaborativa é um processo de construção de significado (...) Grupos constroem significado e os indivíduos desenvolvem a sua compreensão (...) A aprendizagem colaborativa - como o alargamento do conhecimento do grupo - é construída nas interacções sociais, tais como o discurso."
A realização colaborativa é a chave da CSCL, pois é isso o que mais a diferencia da aprendizagem individual.
Actualmente, as aplicações da rede CSCL têm o potencial de envolver grupos na construção de conhecimento colaborativo numa escala anteriormente inimaginável.

Que relação tem a aprendizagem com o indivíduo? E com o grupo?
Em termos de cognição, Stahl coloca a ênfase no grupo, distanciando-se das perspectivas mais ortodoxas centradas especialmente no indivíduo: "Ao investigarmos a aprendizagem, podemos fazer uma análise quer observando o discurso do grupo como um todo, quer seguindo as trajectórias dos indivíduos no interior do discurso do grupo. Ou seja, podemo-nos concentrar tanto no grupo (...) como no indivíduo, como a unidade da nossa análise. (...) É difícil para a maioria das pessoas pensar em termos de cognição do grupo por causa do foco tradicional sobre o indivíduo (...) mas tal entendimento é necessário para a compreensão da abordagem social a uma teoria da CSCL."

Na aprendizagem, que papel é atribuído aos artefactos digitais?
Desde o tempo em que frequentei a escolaridade do 1º ciclo (na altura denominado "ensino primário") que me lembro da utilização dos mais diversos tipos de artefactos, nomeadamente gravuras e posters manuscritos repletos de imagens coladas, com o objectivo de facilitar a aprendizagem e cativar o interesse dos alunos.
Recuando uma geração, também a minha mãe, enquanto professora do ensino primário, os concebeu e utilizou profusamente. Um artefacto pode ser um simples documento ou uma imagem.
A definição de artefacto físico ou digital, bem como simbólico ou linguístico, que encontramos no artigo de Stahl, enquadra bem o que acabei de referir.
Actualmente, a construção do conhecimento ocorre de forma dramaticamente diferente num ambiente tecnológico. A tecnologia molda e dá forma aos artefactos. É, agora, possível conceber e criar artefactos digitais com muito maior facilidade, rapidez e eficácia, comparando com as últimas décadas. Estes tornaram-se muito mais apelativos e capazes de criar um impacto muito maior ao nível da aprendizagem. O seu objectivo, porém, permanece inalterado.

O que distingue a actividade de um grupo de estudantes do ensino básico/secundário numa situação experimental, da de um grupo de estudantes do ensino superior?
Na passagem do ensino básico/secundário, onde os alunos interagem face-a-face para as interacções mediadas por computador no ensino superior, muitos detalhes da interação alteram-se mas, ainda assim, mantêm características importantes.
Os alunos, ao nível do ensino superior, podem ter já mais competências e conhecimentos necessários para se empenharem na construção do conhecimento colaborativo de uma maneira mais efectiva.
Por exemplo, no ensino superior, a maioria dos estudantes já tem a noção do princípio de fazer variar apenas um parâmetro de cada vez numa situação experimental, mas no ensino básico/secundário tal entendimento é construído pela primeira vez, como é verificável na experiencia descrita no capítulo 2.2.
"Sem orientação e sem um contexto motivador, um grupo de estudantes raramente atingirá a construção do conhecimento profundo." Esta afirmação assume maior importância no contexto do ensino básico/secundário, onde se torna mais evidente essa necessidade de orientação e de motivação, ao contrário, por exemplo, de uma comunidade académica como é aquela que escolheu o ensino superior a distância, caracterizada maioritariamente por uma população activa profissionalmente, com responsabilidades familiares e com um grau superior de motivação e empenho.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

APRENDIZAGEM E TECNOLOGIAS - Actividade 2

Temática: Abordagem sobre a perspectiva conectivista sobre a aprendizagem


No primeiro capítulo do seu ebook "Emerging Perspectives on Learning, Teaching, and Technology", Michael Orey fala-nos da Teoria do Processamento da Informação (Information Processing - IP), procurando explicar o funcionamento do nosso cérebro e compreender como a informação é por nós processada.
Assim, o autor estabelece um paralelismo com o processador de um computador e as suas três componentes: o registo sensorial, a memória de curto-prazo, ou memória de trabalho, e a memória de longo-prazo, correspondendo, respectivamente, aos dispositivos de entrada, ou registos, a Unidade Central de Processamento e o disco rígido.
Esta metáfora, quando levada ao limite, revela-se desajustada; será, porém, útil para ajudar a compreender a teoria citada.
Quanto a estratégias, estas são classificadas em metacognitivas, cognitivas e sócio-afectivas.

O capítulo dedicado ao construtivismo de Jean Piaget apresenta quatro dos principais conceitos deste autor aplicáveis à aprendizagem em qualquer idade: assimilação, acomodação, equilíbrio e esquemas, fazendo assentar nos três primeiros o processo do desenvolvimento cognitivo.

Por fim, George Siemens, no seu artigo (2005) "Learning Development Cycle: Bridging Learning Design and Modern Knowledge Needs", introduz o Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC), baseado em quatro grandes domínios de aprendizagem: transmissão, emergência, aquisição e acreção, constituindo esta uma evolução das teorias cognitivas tradicionais.

Há necessidade de uma nova teoria da aprendizagem?
Desde a década de 60 do séc. XX, altura desde a qual ainda vigoram muitas das teorias de concepção da educação, o mundo mudou dramaticamente: registaram-se avanços significativos em praticamente todos os campos da ciência, verificaram-se mudanças nas tecnologias e nos media, o clima dos negócios globalizou-se, o mundo ligou-se em rede, em suma, o ambiente em que nos inserimos mudou.
Estranhamente, as metodologias utilizadas para promover a aprendizagem permanecem desactualizadas, criadas para necessidades que já não existem.
Novos estudantes, que nasceram e cresceram em plena época digital, estão a entrar no sistema educativo, com novas expectativas e novas necessidades.
Basta pensarmos que uma criança que inicie no corrente ano lectivo o seu percurso académico, terminá-lo-á em 2027 e reformar-se-á por volta da década de 60 do séc. XXI.
Tudo isto acarreta, necessariamente, a necessidade de uma nova (ou novas) teorias da aprendizagem.

Que concepção de aprendizagem nos apresenta Siemens?
George Siemens advoga uma aprendizagem centrada no aluno, enquanto ser adulto, auto-motivado, activo, res-ponsável pela sua própria aprendizagem, com controlo sobre os resultados dessa aprendizagem.
Este tipo de aprendizagem centra-se em dar ao aluno a capacidade de decidir o que ele sente que é importante e relevante.
A aprendizagem independente exige que as pessoas assumam a responsabilidade da sua própria aprendizagem.
A responsabilidade individual resulta da convicção de que a aprendizagem exige esforço, e essa crença é o factor crítico que conduz à perseverança dos indivíduos perante os obstáculos.
Aliás, o Princípio da Aprendizagem Centrada no Estudante está consagrado no modelo pedagógico da Universidade Aberta como norteador das práticas de ensino e de aprendizagem, a par do Primado da Flexibilidade, do Primado da Interacção e do Princípio da Inclusão Digital.

De que forma está relacionada com as descrições "clássicas" das teorias cognitivas do ebook?
Esta nova concepção distingue-se das teorias cognitivas clássicas apresentadas por Michael Orey no seu ebook na medida em que o controlo muda do instrutor para o aluno.
Por outro lado, a disponibilidade de novas tecnologias cooperativas exige uma mudança de sistemas de concepção para o fornecimento de plataformas.
Como consequência, o poder (ou parte dele) desloca-se da organização para o indivíduo e do designer para o aluno.

Siemens introduz quatro domínios da aprendizagem que relaciona com teorias da aprendizagem.
Qual o papel do designer/construtor de cursos/professor subjacente a cada uma delas?

Siemens baseia o seu Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC) em quatro grandes domínios de aprendizagem: transmissão, emergência, aquisição e acreção.
Cada um destes domínios de aprendizagem serve um propósito diferente e encerra uma combinação distinta de vantagens e desvantagens.
De igual modo, cada um deles possui características próprias em relação à natureza da aprendizagem, ao papel do designer, e ao nível de controlo sobre o conteúdo e estrutura.
Cada domínio tem diferentes objectos de design. Cada objecto de design é indicativo de uma visão diferente ou de uma diferente teoria da aprendizagem.

No domínio da transmissão, o designer situa-se no centro do processo de aprendizagem. Os alunos recebem conteúdos, sendo colocados perante ideias-chave de um dado campo do conhecimento fornecidas por um instrutor competente nesse domínio.
Grande parte do sistema educativo actual é construída sobre este modelo de aprendizagem, especialmente utilizado na criação de cursos, programas e workshops.
Comportamentalismo e Cognitivismo são as teorias de aprendizagem predominantemente utilizadas neste domínio.

O domínio da emergência, tendo na capacidade de pensamento reflexivo e crítico o seu objecto de design, permite que a reflexão e a cognição forneçam aos alunos a capacidade de explorar novos domínios, formulando abordagens inovadoras e novas perspectivas. A aprendizagem é construída pelo aluno.
Isto retira protagonismo ao designer, transferindo para o aluno a iniciativa e a actividade.
Neste domínio, Construtivismo e Cognitivismo são as teorias de aprendizagem especialmente utilizadas.

O domínio da aquisição tem como objecto de design o acesso a recursos.
Os alunos escolhem os seus próprios objectivos de aprendizagem e podem ir além dos recursos existentes conectando-se com outros, criando de comunidades virtuais baseadas nos interesses e não na geografia, facto que a Internet tornou possível. Isto torna este domínio mais apelativo.
Cabe ao designer procurar melhorar as capacidades de os alunos manipularem e gerirem os recursos do conhecimento.
Este domínio encerra as perspectivas Conectivista e Construtivista da aprendizagem.

Grande parte da aprendizagem acontece no domínio da acreção, que tem como objectos de design redes, ambientes e ecologias. Neste domínio, a aprendizagem "liga-se" às fontes do conhecimento.
Saber onde encontrar a informação necessária é mais importante do que a posse da informação, devido à rapidez com que esta evolui e muda.
O papel do designer neste domínio é criar oportunidades para que os alunos possam pesquisar e assegurar a sua própria aprendizagem.

De que forma se relacionam a aprendizagem formal e informal segundo este enquadramento?
Segundo Marcia L. Conner, "a aprendizagem formal inclui o sistema de ensino estruturado hierarquicamente que se estende desde a escola primária até à universidade e programas criados no mundo dos negócios para a formação técnica e profissional; a aprendizagem informal descreve um processo permanente no qual os indivíduos adquirem atitudes, valores, competências e conhecimentos a partir da experiência quotidiana e das influências e recursos educativos do seu meio ambiente, da sua família e dos seus vizinhos, do trabalho e do lazer, do mercado, da biblioteca e dos meios de comunicação de massas.
A aprendizagem informal está sempre a ocorrer, mesmo que dela não tenhamos consciência, por causa do paradigma da aprendizagem ao longo da vida, porque a sociedade da informação assim o exige, as redes informáticas (e redes sociais) a facilitam e a economia de um mercado globalizado e flexível a favorecem.

O Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC) tem actualmente muitas aplicações para a concepção da aprendizagem, sendo uma das mais significativas a capacidade de combinar a aprendizagem formal e informal.
A aprendizagem informal é cada vez mais reconhecida como uma componente crítica da maioria das organizações.

De que forma é que o Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC) proposto apresenta semelhanças, ou não, com a sua prática profissional?
Na minha actividade profissional, enquanto formador na área das TICs, e tendo adultos como população-alvo, a aprendizagem centrada no aluno, enquanto ser adulto, auto-motivado, activo e responsável pela sua própria aprendizagem, enquadra-se perfeitamente.
Porém, nem sempre estas premissas se verificam, nomeadamente em relação à auto-motivação e à responsabilidade, por um numeroso conjunto de factores.
Apesar disso, será desejável que os formandos sejam assim tratados, potenciando estas qualidades nuns e alertando os outros para a necessidade desta atitude.

O domínio mais utilizado na formação profissional ainda continua a ser o da transmissão, sobretudo em acções de formação sobre programação, sistemas operativos, redes, folhas de cálculo ou bases de dados, embora o da acreção também possa ser levado em conta, nomeadamente em cursos que incidam sobre a Web e as suas ferra-mentas, onde se mistura a aprendizagem formal com a informal.

terça-feira, 20 de abril de 2010

PPEL, Unit 2, Task 3

Review of António Pedro's AB and LO about Online Teaching Techniques

I've reviewed António Pedro's AB.
It's a very well done piece of work. He chose two books and two websites:

1) The Theory and Practice of Online Learning, Terry Anderson and others, second edition, May 2008, Athabasca University Press.

António Pedro refers this book as "necessary to know what is behind the distance learning".
I agree with him. It was a very good choice.
This book tells us about "theory, administration, tools, and methods of designing and delivering learning online".
In his AB, our colleague focuses chapters 2 and 11, in particular, where the subjects "Toward a Theory of Online Learning" and "Teaching in an Online Learning Context" are developed.
I think the objective of learning about online teaching would be achieved by reading this book.


2) Paulsen, M. F. 2003. Online Education and Learning Management Systems Global E-learning in a Scandinavian Perspective, 58 - 84/131. Nki Forlaget. Norway.

Here, António Pedro presents four online teaching methods and several teaching techniques and devices, according Prof. Morten Paulsen.
This AB could be even better if it had developed a little bit further this subject, exploring this book's contents.


3) The website Illinois Online Network, http://www.ion.uillinois.edu/
ION seeks to promote the effective use of networked on information technologies, to enhance traditional classroom instruction, and to build the foundation for developing, delivering, and supporting online education throughout the world.

A. Pedro had the merit of choosing and sharing with us this website as a good example of what an University can do for his students and teachers.


4) The website Teachers.tv, http://www.teachers.tv/
Through engaging videos, practical resources and an active online community, Teachers TV supports the professional development of anyone working in school, enabling them to widen their skills, develop their practice, and connect with others in the field.

António Pedro picked up an excellent website to provide videos and many others practical resources that teachers can use in their LO's.
I would recommend this website to all teachers, not only in UK, but all over the world.


Overall, I really enjoyed this AB and I sure learnt a lot by reading it.



I've reviewed also António Pedro's LO.
Using Wix, António Pedro did a wonderful job.
In a very simple but practical LO, he managed to give us an idea about Online Teaching Techniques.
The graphics are very suitable and appellative for a children's class, but they can work as well in an adult's class.
I really enjoy António Pedro’s presentation. However, I would like to see in his LO the definition of Online Teaching Techniques.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

PPEL, Unit 2, Task 2

UNIT 2: LEARNING OBJECT: ONLINE TEACHING TECHNIQUES

Pedagogical Technique: Boyle (1981, 213) defined technique as the form used to present material to be learned, for example lecture, panel, and group discussion.
In this study, a pedagogical technique is defined as a manner of accomplishing teaching objectives.
According to how the techniques prescribe student interaction with learning resources, the techniques are classified as one-alone techniques, one-to-one techniques, one-to-many techniques, and many-to-many techniques.

I created my LO with the aim of teaching a young people' class about Pedagogical Techniques, so I used Walt Disney characters to tried to capture both their interest and attention.


quarta-feira, 14 de abril de 2010

EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM REDE

Actividade 2: Proposta de exemplos representativos de cibercultura


Temática: O FENÓMENO DA CIBERCULTURA

Pierre Lévy, na página 17 da sua obra "Cibercultura", define o neologismo “cibercultura”, como o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desen-volvem juntamente com o crescimento do ciberespaço, sendo este último o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comu-nicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo.

Este ciberespaço não pára de se alargar, com a constante chegada de novos utilizadores que diariamente se jun-tam aos muitos milhões que actualmente têm já acesso à Internet.
Com esta proliferação de inúmeros novos nós desta enorme rede mundial, aumenta, proporcionalmente, o número de novos consumidores de informação, mas também o número de novos emissores, dado que, sobretudo com o advento da Web 2.0, todos os utilizadores que assim o desejarem poderão produzir e publicar os conteúdos que entenderem.

No seu artigo "A emergência do ciberespaço e as mutações culturais", Pierre Lévy estabelece a tipologia dos dispositivos de comunicação; um primeiro chamar-se-á Um-Todos, onde não há interactividade porque existe um centro emissor e uma multiplicidade de receptores. Um segundo será do tipo Um-Um, onde não existe uma emergência do colectivo da comunicação, como é o caso do telefone. O espaço cibernético introduz o terceiro tipo, com um novo tipo de interação que poderíamos chamar de Todos-Todos, que é a emergência de uma inte-ligência colectiva.

Por outro lado, no capítulo "O universal sem totalidade, essência da cibercultura", o mesmo autor distingue três grandes etapas da história:
- A das pequenas sociedades fechadas, de cultura oral, que viviam uma totalidade sem Universal;
- A das sociedades «civilizadas», imperiais, que usam a escrita, que fizeram surgir um Universal totalizante;
- A da cibercultura, que corresponde à mundialização concreta das sociedades, que inventa um Universal sem totalidade
.

Este ciberespaço, com a sua interacção Todos-Todos, e esta cibercultura, com a sua mundialização das sociedades, tiveram como consequência, entre muitas outras, aquilo que Roy Ascott classifica como um segundo dilúvio que ameaça fazer desaparecer a sociedade contemporânea, o dilúvio de informações, essa profusão e a essa desordem provocadas pelas inumeráveis fontes da Web, onde cada indivíduo ou grupo pode tornar-se emissor e aumentar, assim, o seu fluxo.

Desde o tempo em que um homem como Leonardo da Vinci podia abarcar, com uma extraordinária competência, uma profusão de disciplinas do conhecimento, da técnica ou da arte, ou que um grupo de homens, como Diderot e D'Alembert, pretendia abarcar grande parte do conhecimento na sua Enciclopédia, até aos dias de hoje, com o aumento constante e cada vez mais acelerado dos conhecimentos científicos e técnicos, a pretensão de domínio da totalidade do saber por um indivíduo ou por um grupo tornou-se impossível de atingir.

Até aos anos 60 do séc. XX, as competências adquiridas na juventude continuavam, normalmente, em uso no final da vida activa. Porém, novos procedimentos e novas técnicas surgiam. À escala de uma vida humana, a maior parte do know-how útil era perene. Nos nossos dias, a situação mudou radicalmente, pois a maioria dos saberes adquiridos no começo de uma carreira estarão obsoletos no fim de um percurso profissional, até mesmo antes. As desordens da economia, assim como o ritmo precipitado das evoluções científicas e técnicas, determinam uma aceleração generalizada da temporalidade social.

Assim, perante esta torrente imparável de novos conhecimentos e de novas técnicas, esta quantidade incomensurável de informação existente na Web, Pierre Lévy formula as seguintes perguntas: O que salvar do dilúvio? O que é que colocaremos na arca como resumo de todo o conhecimento aí existente?
A solução que Noé adoptou para salvar as espécies animais do dilúvio já não é passível de ser implementada, actualmente, neste contexto, dada a impossibilidade de fazer esse resumo de todo o conhecimento quase infinito e sempre em crescimento: Pensar que poderíamos construir uma arca que contivesse o “principal” seria precisamente ceder à ilusão da totalidade.

Numa entrevista dada em Janeiro de 2001, o autor propõe-nos uma solução para este problema: cada indivíduo, cada grupo, deve fazer a sua filtragem, a sua selecção, a sua organização, a sua hierarquização, sem o que não será possível dar um sentido a essas informações. Com a totalidade de informações em bruto não é possível ter uma noção rigorosa e precisa dessa mesma informação. Mas devemos ter consciência da nossa responsabilidade quanto à fabricação desse sentido. Já não cabe a terceiros dizer qual o significado das coisas. Cabe a nós assumir a responsabilidade de fazer uma escolha. A escolha é nossa. Somos livres e os outros também são. O sentido depende de nós.

Assim, caberá a cada cidadão, com a sua responsabilidade individual, fazendo a sua selecção livre e consciente, a preservação do essencial do património cultural da Humanidade ameaçado por este dilúvio de informação.

As esperanças que actualmente se depositam na Web 3.0, pretendendo ser a organização mais racional e o uso de maneira mais inteligente de todo o conhecimento já disponível na Internet, têm estas preocupações como base.

De acordo com Pierre Lévy, os três princípios da cibercultura são: a interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência colectiva.
Para a cibercultura, a conexão é sempre preferível ao isolamento. A conexão é um bem em si. (...) a interconexão constitui a humanidade em contínuo sem fronteiras (...) A interconexão tece um universal por contacto.
(...) o desenvolvimento das comunidades virtuais apoia-se na interconexão. Uma comunidade virtual é constituída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, de projectos mútuo, num processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais
Um grupo humano qualquer só se interessa em constituir-se como comunidade virtual para aproximar-se do ideal colectivo inteligente (...) a inteligência colectiva seria a sua perspectiva espiritual, a sua finalidade última.


Como novos tipos de conhecimentos no seio da cibercultura, Lévy destaca a simulação e os sistemas periciais, traduzidos como sistemas experts no e-book Cibercultura.
A simulação tira partido da enorme capacidade de processamento, cálculo e de modelação de imagens e sons de que os computadores actualmente dispõem.
Como exemplos do nosso dia-a-dia, temos as simulações que fazemos a fim de sabermos quanto iremos receber ou pagar em sede de IRS, em função de alterações que podemos introduzir nas rubricas de proveitos ou de des-pesas, quanto pagaremos mensalmente ao banco como prestação do empréstimo para aquisição de casa própria, em função do valor desse empréstimo a contrair ou em função do período de duração desse empréstimo, ou, ainda, como ficará a nossa moradia, mediante as formas ou as cores que escolhamos.
As técnicas de simulação, em particular as que envolvem imagens interactivas, não substituem os raciocínios humanos, mas prolongam e transformam as capacidades de imaginação e pensamento.
A simulação é uma ajuda para a memória de curto prazo que envolve não imagens fixas, textos ou tabelas de números, e sim dinâmicas complexas. A capacidade de fazer variar facilmente os parâmetros de um modelo e observar de imediato e visualmente as consequências dessa variação constitui-se numa verdadeira ampliação da imaginação.

Os sistemas periciais, tradicionalmente englobados na Inteligência Artificial, começaram por ser meros problem solvers. Numa fase posterior, tentou-se que representassem o conhecimento. Por fim, evoluiu-se para o conhecimento especializado num domínio restrito, conduzindo posteriormente a investigação para a utilização de sistemas periciais em ambientes de tempo real.

Outro exemplo de produção cibercultural será a aprendizagem aberta e à distância. A demanda por formação não só está passando por um enorme crescimento quantitativo, como também está sofrendo uma profunda muta-ção qualitativa, no sentido de uma crescente necessidade de diversificação e personalização. (...) Vê-se como o novo paradigma da navegação (em oposição ao do «cursus»), que se está desenvolvendo nas práticas de colecta de informação e de aprendizado cooperativo no seio do ciberespaço, mostra a via de um acesso ao mesmo tempo maciço e personalizado ao conhecimento. As universidades e, cada vez mais, as escolas de primeiro e segundo graus oferecem aos estudantes a possibilidade de navegar sobre o oceano de informação e conhecimento acessível pela internet. Programas educativos podem ser seguidos à distância pela World Wide Web.

Pierre Lévy termina o capítulo "O universal sem totalidade, essência da cybercultura" afirmando que a cibercultura encarna a forma horizontal, simultânea, puramente espacial da transmissão. Só liga no tempo como acréscimo. A sua principal operação está em conectar no espaço, construir e estender os rizomas do sentido.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

PPEL, Unit 2, Task 1

UNIT 2: ONLINE TEACHING TECHNIQUES


Annotated Bibliography to “Online Teaching Techniques":

Finding, studying and sharing materials related to online teaching techniques and organizing it together with ideas and thoughts in an annotated bibliography on your blog.


The next three articles are the result of my research of Online Teaching Techniques.


• ebook Learning networks: A field guide to teaching and learning online, Linda Marie Harasim, 1995, chapter 6, Teaching Online, (p. 173)

According to the author's own words: "Teaching online is a genuinely enjoyable intellectual experience. (...) This chapter explores techniques that can be used to improve the probability that using CMC will result in a rich and enjoyable intellectual and social experience for all the participants and to decrease the probability that problems will arise. These techniques apply to online teaching regardless of the course design that is chosen and regardless of the level or type of education".
This chapter includes issues such as:
• Role of the Teacher
• Setting the Stage
• Forming Groups
• Assigning Role Responsibilities
• Moderating and Facilitating Group Processes
-- Meta-Communication
-- Weaving
-- Ending Conferences
-- Socio-Emotional Issues
• Moving from Teacher to Facilitator
• The Problem of Laboratories



Modelling New Skills for Online Teaching, Salter, G. and Hansen, S., 1999

In this article, G. Salter and S. Hansen write about the need to model new teaching strategies and skills required for teaching successfully, and the need to provide a clear structure for activities, in an online environment:

Methods for teaching online include:
• Asynchronous Computer Mediated Communication (eg. email, discussion groups)
• Synchronous Computer Mediated Communication (eg. chats, desktop videoconferencing, groupware)
• Online Assessment
• Learning Resources
• Documents (eg. lecture notes, readings)
• Multimedia (interactive or otherwise)
• Links to external resources
• Student Prepared Material

Methods to structure online activities include:
• Requiring a deliverable (eg. plans, designs, papers, portfolios etc)
• Limiting the scope of activities in terms of size and/or time
• Providing closure to activities
• Actively moderating discussions
• Conducting collaborative projects
• Interacting with guest speakers
• Debates & role plays
• Surveys & polls
• Formation of learning teams
• Brainstorming

However, Prof. Morten Paulsen provides a wider range of pedagogical techniques for CMC in his article "The Online Report on Pedagogical Techniques for Computer-Mediated Communication":




• ebook Tools for Teaching, Barbara Davis, 2009, Selecting textbooks, readings, and course materials (p. 12)

In the chapter "Selecting textbooks, readings, and course materials" of her ebook Tools for Teaching, Barbara Davis demonstrates a lot of care choosing materials for online teaching. She gives us a set of very wise and practical suggestions, such as:
• Choose textbooks and reading assignments that reflect your learning outcomes
• Avoid requiring students to purchase a textbook you have authored
• Consider a range of criteria in selecting textbooks
• Assign a mix of texts and articles, including some current items
• Be mindful of the high cost of textbooks
• Compare the costs and benefits of electronic and paper textbooks
• Consider coursepacks
• Plan how to handle errors in the textbook
• Prepare a set of tips for students on how to use the textbook and readings
• Be aware of your students’ workload
Given the high cost of books at present, these suggestions prove to be very useful, particularly the possibility of respecting copyright, students can access the Web to get ebooks and articles for their research or their study.
Another issue that the author considers in this set of suggestions concerns the management of students' workload, which in a university like UAb, where most students have family and professional obligations that take them a lot of time, is an important issue to take in consideration.