terça-feira, 22 de junho de 2010

EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM REDE

OPEN EDUCATIONAL RESOURCES (OER)

Caros colegas

Depois de num post anterior ter reflectido sobre a problemática da produção do conhecimento, importa agora participar no debate que tem vindo a decorrer sobre o papel dos Open Educational Resources (OER) ou, em português, Recursos Educativos Abertos (REA) e, numa perspectiva mais alargada, sobre a aceleração do ciclo de vida do conhecimento e a reutilização de conteúdos digitais na rede.

Ao procurar aprofundar este tema, comecei por investigar o conceito de Open Educational Resources - OER (Recursos Educativos Abertos - REA) surgido pela primeira vez em 2002, por intermédio da UNESCO, e que segundo esta são "recursos orientados para o ensino, que se encontram ao abrigo de licenças que podem permitir a sua adaptação, utilização e partilha, como por exemplo a Creative Commons License."

Encontrei, ainda, outras definições, que passo a transcrever:

"Open Educational Resources are all about sharing. In a brave new world of learning, OER content is made free to use or share, and in some cases, to change and share again, made possible through licensing, so that both teachers and learners can share what they know."  (http://www.oercommons.org/)

"O OER (Open Educational Resources) é uma rede global de recursos educativos gratuitos para ensino e aprendizagem através da internet, desde o ensino secundário até à universidade. Basta registar-se para começar a visualizar, avaliar e descarregar conteúdos." (Instituto Nacional de Administração - INA)

"Os Recursos Educativos Abertos (REA) são materiais livres de aprendizagem em formato digital, distribuídos mediante a licença Creative Commons." (Wikipédia)

Outro conceito que se tornou indispensável conhecer foi o de Creative Commons License:

"With a Creative Commons license, you keep your copyright but allow people to copy and distribute your work provided they give you credit - and only on the conditions you specify here. (…) If you want to offer your work with no conditions or you want to certify a work as public domain, choose one of our public domain tools.

Creative Commons helps you publish your work online while letting others know exactly what they can and can't do with your work. When you choose a license, we provide you with tools and tutorials that let you add license information to our own site, or to one of several free hosting services that have incorporated Creative Commons." (http://creativecommons.org/choose/)

License Conditions:

Attribution by: You let others copy, distribute, display, and perform your copyrighted work - and derivative works based upon it - but only if they give credit the way you request.

Share Alike sa: You allow others to distribute derivative works only under a license identical to the license that governs your work.

Non-Commercial nc: You let others copy, distribute, display, and perform your work - and derivative works based upon it - but for non-commercial purposes only.

No Derivative Works nd: You let others copy, distribute, display, and perform only verbatim copies of your work, not derivative works based upon it.
(http://creativecommons.org/choose/)

"Creative Commons é uma organização não governamental sem fins lucrativos localizada em São Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos, voltada a expandir a quantidade de obras criativas disponíveis, através de suas licenças que permitem a cópia e compartilhamento com menos restrições que o tradicional ' todos direitos reservados' . Para esse fim, a organização criou diversas licenças, conhecidas como licenças Creative Commons." (Wikipédia)

Imagino que estes conceitos seriam escalpelizados na Actividade 7 - Pesquisa Open Access, que pelos motivos indicados pelo Professor António Teixeira teve que ser cancelada.

Como exemplos de iniciativas dignas de registo neste campo temos o lreforschools, criado em Dezembro de 2008 e financiado pela União Europeia, com mais de 128.000 REA, que permite aos professores facultarem aos seus alunos um leque mais vasto de experiências pedagógicas, através de materiais produzidos por outros colegas, e o Scratch, uma ferramenta produzida pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) que possibilita, através de um ambiente gráfico de programação, a produção de histórias interactivas, jogos educativos, animações, entre outros conteúdos, sem necessidade de conhecimentos de programação.

No website http://jcarlos.design2001.com/?p=25, encontrei, ainda, algumas informações que me ajudaram a compreender um pouco melhor estas questões, e que aproveito para partilhar convosco:

"A expansão de ferramentas web 2.0 (wikis, blogs, redes sociais) tem contribuído para o desenvolvimento dos REA, criando uma grande comunidade de partilha e entreajuda entre educadores, dos mais diversos pontos do Planeta.

Um dos problemas com que ainda se deparam estes recursos é a sua fraca divulgação no interior da classe educativa, muitas vezes “fechada” no interior das suas práticas rotineiras, onde a ideia de partilha de materiais ainda não se encontra enraizada.

Um dos aspectos fundamentais, para o sucesso desta “ideia fantástica”, assenta na capacidade de partilha (Share), ainda pouco desenvolvida em alguns países, como é o caso de Portugal.

Um dos aspectos muitas vezes criticado no âmbito dos REA é a sua qualidade científica, uma vez que a “facilidade” com que qualquer pessoa consegue produzir e partilhar estes recursos, pode potenciar a divulgação de um conhecimento com “alguma perturbação”. Daí que uma validação ou certificação de qualidade, em repositórios com um cariz institucional, seja importante. Por outro lado, esta “burocracia de certificação” poderá retirar a verdadeira essência da produção e partilha de REA."

Por fim, a leitura do material de que disponho da autoria de Stephen Downes e o visionamento do seu vídeo "The Role of Open Educational Resources in Personal Learning" revelaram-se fundamentais para aprofundar esta temática.

Assim, ao ver este pequeno filme, houve um conjunto de afirmações que, tal como já tinha acontecido com outros colegas, despertou a minha atenção:

"Learning is thought of as from the perspective of the learner, not from the perspective of the institution, not from the perspective of the content to be taught."

"Personal learning is more about an individual’s growth and development."

"The knowledge created and shared by an interconnecting community of learners. Knowledge is distributed. Knowledge is created by conversation and interaction"

"Participation is guided by personal interest and motivation."

"The connectivist course is an example of open sharing."

"What pedagogical purpose is served by open sharing (as opposed to, say, curricular materials, or scaffolded practice)? The answer lies in the nature of knowledge and learning itself."

We cannot produce knowledge for people. The greatest beneficiaries are the people who produce the resources. Why then do we fund universities and institutions to produce knowledge? The only sustainable OERs are produced by the learners themselves."

Estas declarações entroncam nas questões que nos foram colocadas a debate, tais como a potencial rápida desactualização de um artigo científico, ou a recente disseminação dos Recursos Educativos Abertos.

Em relação a este último tema, Stephen Downes afirma que os beneficiários dos REA são, surpreendente e ironicamente, as pessoas que produzem esses recursos. Os únicos REAs sustentáveis são aqueles produzidos pelos próprios aprendentes.

Sem dúvida que sim. São inquestionáveis as vantagens dos REAs, no entanto, creio que estes servem muito melhor os propósitos do seu criador do que dos seus utilizadores.

É certo que um determinado REA poderá ser reutilizado, adaptado, e partilhado de novo, mas será sempre um recurso criado em circunstâncias específicas, para um público particular e com condicionantes objectivas, que dificilmente se adaptarão integralmente a diferentes situações e necessidades.

Além disso, a criação desse REA poderá ter sido, ela própria, um momento único e irrepetível de ensino e aprendizagem, facto que provavelmente já não se repetirá na sua simples reutilização.

Não questiono o carácter universal de matérias como o Teorema de Pitágoras, a Lei da Atracção dos Corpos, ou outras, onde um REA bem concebido poderá trazer enormes benefícios para quem o utilizar. Contudo, se imaginarmos a produção conjunta desse REA numa turma, por parte do seu professor e dos seus alunos, e a compararmos com uma outra onde esse recurso apenas foi utilizado, não restam dúvidas que os resultados serão mais favoráveis no primeiro caso.

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