quinta-feira, 22 de abril de 2010

APRENDIZAGEM E TECNOLOGIAS - Actividade 2

Temática: Abordagem sobre a perspectiva conectivista sobre a aprendizagem


No primeiro capítulo do seu ebook "Emerging Perspectives on Learning, Teaching, and Technology", Michael Orey fala-nos da Teoria do Processamento da Informação (Information Processing - IP), procurando explicar o funcionamento do nosso cérebro e compreender como a informação é por nós processada.
Assim, o autor estabelece um paralelismo com o processador de um computador e as suas três componentes: o registo sensorial, a memória de curto-prazo, ou memória de trabalho, e a memória de longo-prazo, correspondendo, respectivamente, aos dispositivos de entrada, ou registos, a Unidade Central de Processamento e o disco rígido.
Esta metáfora, quando levada ao limite, revela-se desajustada; será, porém, útil para ajudar a compreender a teoria citada.
Quanto a estratégias, estas são classificadas em metacognitivas, cognitivas e sócio-afectivas.

O capítulo dedicado ao construtivismo de Jean Piaget apresenta quatro dos principais conceitos deste autor aplicáveis à aprendizagem em qualquer idade: assimilação, acomodação, equilíbrio e esquemas, fazendo assentar nos três primeiros o processo do desenvolvimento cognitivo.

Por fim, George Siemens, no seu artigo (2005) "Learning Development Cycle: Bridging Learning Design and Modern Knowledge Needs", introduz o Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC), baseado em quatro grandes domínios de aprendizagem: transmissão, emergência, aquisição e acreção, constituindo esta uma evolução das teorias cognitivas tradicionais.

Há necessidade de uma nova teoria da aprendizagem?
Desde a década de 60 do séc. XX, altura desde a qual ainda vigoram muitas das teorias de concepção da educação, o mundo mudou dramaticamente: registaram-se avanços significativos em praticamente todos os campos da ciência, verificaram-se mudanças nas tecnologias e nos media, o clima dos negócios globalizou-se, o mundo ligou-se em rede, em suma, o ambiente em que nos inserimos mudou.
Estranhamente, as metodologias utilizadas para promover a aprendizagem permanecem desactualizadas, criadas para necessidades que já não existem.
Novos estudantes, que nasceram e cresceram em plena época digital, estão a entrar no sistema educativo, com novas expectativas e novas necessidades.
Basta pensarmos que uma criança que inicie no corrente ano lectivo o seu percurso académico, terminá-lo-á em 2027 e reformar-se-á por volta da década de 60 do séc. XXI.
Tudo isto acarreta, necessariamente, a necessidade de uma nova (ou novas) teorias da aprendizagem.

Que concepção de aprendizagem nos apresenta Siemens?
George Siemens advoga uma aprendizagem centrada no aluno, enquanto ser adulto, auto-motivado, activo, res-ponsável pela sua própria aprendizagem, com controlo sobre os resultados dessa aprendizagem.
Este tipo de aprendizagem centra-se em dar ao aluno a capacidade de decidir o que ele sente que é importante e relevante.
A aprendizagem independente exige que as pessoas assumam a responsabilidade da sua própria aprendizagem.
A responsabilidade individual resulta da convicção de que a aprendizagem exige esforço, e essa crença é o factor crítico que conduz à perseverança dos indivíduos perante os obstáculos.
Aliás, o Princípio da Aprendizagem Centrada no Estudante está consagrado no modelo pedagógico da Universidade Aberta como norteador das práticas de ensino e de aprendizagem, a par do Primado da Flexibilidade, do Primado da Interacção e do Princípio da Inclusão Digital.

De que forma está relacionada com as descrições "clássicas" das teorias cognitivas do ebook?
Esta nova concepção distingue-se das teorias cognitivas clássicas apresentadas por Michael Orey no seu ebook na medida em que o controlo muda do instrutor para o aluno.
Por outro lado, a disponibilidade de novas tecnologias cooperativas exige uma mudança de sistemas de concepção para o fornecimento de plataformas.
Como consequência, o poder (ou parte dele) desloca-se da organização para o indivíduo e do designer para o aluno.

Siemens introduz quatro domínios da aprendizagem que relaciona com teorias da aprendizagem.
Qual o papel do designer/construtor de cursos/professor subjacente a cada uma delas?

Siemens baseia o seu Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC) em quatro grandes domínios de aprendizagem: transmissão, emergência, aquisição e acreção.
Cada um destes domínios de aprendizagem serve um propósito diferente e encerra uma combinação distinta de vantagens e desvantagens.
De igual modo, cada um deles possui características próprias em relação à natureza da aprendizagem, ao papel do designer, e ao nível de controlo sobre o conteúdo e estrutura.
Cada domínio tem diferentes objectos de design. Cada objecto de design é indicativo de uma visão diferente ou de uma diferente teoria da aprendizagem.

No domínio da transmissão, o designer situa-se no centro do processo de aprendizagem. Os alunos recebem conteúdos, sendo colocados perante ideias-chave de um dado campo do conhecimento fornecidas por um instrutor competente nesse domínio.
Grande parte do sistema educativo actual é construída sobre este modelo de aprendizagem, especialmente utilizado na criação de cursos, programas e workshops.
Comportamentalismo e Cognitivismo são as teorias de aprendizagem predominantemente utilizadas neste domínio.

O domínio da emergência, tendo na capacidade de pensamento reflexivo e crítico o seu objecto de design, permite que a reflexão e a cognição forneçam aos alunos a capacidade de explorar novos domínios, formulando abordagens inovadoras e novas perspectivas. A aprendizagem é construída pelo aluno.
Isto retira protagonismo ao designer, transferindo para o aluno a iniciativa e a actividade.
Neste domínio, Construtivismo e Cognitivismo são as teorias de aprendizagem especialmente utilizadas.

O domínio da aquisição tem como objecto de design o acesso a recursos.
Os alunos escolhem os seus próprios objectivos de aprendizagem e podem ir além dos recursos existentes conectando-se com outros, criando de comunidades virtuais baseadas nos interesses e não na geografia, facto que a Internet tornou possível. Isto torna este domínio mais apelativo.
Cabe ao designer procurar melhorar as capacidades de os alunos manipularem e gerirem os recursos do conhecimento.
Este domínio encerra as perspectivas Conectivista e Construtivista da aprendizagem.

Grande parte da aprendizagem acontece no domínio da acreção, que tem como objectos de design redes, ambientes e ecologias. Neste domínio, a aprendizagem "liga-se" às fontes do conhecimento.
Saber onde encontrar a informação necessária é mais importante do que a posse da informação, devido à rapidez com que esta evolui e muda.
O papel do designer neste domínio é criar oportunidades para que os alunos possam pesquisar e assegurar a sua própria aprendizagem.

De que forma se relacionam a aprendizagem formal e informal segundo este enquadramento?
Segundo Marcia L. Conner, "a aprendizagem formal inclui o sistema de ensino estruturado hierarquicamente que se estende desde a escola primária até à universidade e programas criados no mundo dos negócios para a formação técnica e profissional; a aprendizagem informal descreve um processo permanente no qual os indivíduos adquirem atitudes, valores, competências e conhecimentos a partir da experiência quotidiana e das influências e recursos educativos do seu meio ambiente, da sua família e dos seus vizinhos, do trabalho e do lazer, do mercado, da biblioteca e dos meios de comunicação de massas.
A aprendizagem informal está sempre a ocorrer, mesmo que dela não tenhamos consciência, por causa do paradigma da aprendizagem ao longo da vida, porque a sociedade da informação assim o exige, as redes informáticas (e redes sociais) a facilitam e a economia de um mercado globalizado e flexível a favorecem.

O Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC) tem actualmente muitas aplicações para a concepção da aprendizagem, sendo uma das mais significativas a capacidade de combinar a aprendizagem formal e informal.
A aprendizagem informal é cada vez mais reconhecida como uma componente crítica da maioria das organizações.

De que forma é que o Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (LDC) proposto apresenta semelhanças, ou não, com a sua prática profissional?
Na minha actividade profissional, enquanto formador na área das TICs, e tendo adultos como população-alvo, a aprendizagem centrada no aluno, enquanto ser adulto, auto-motivado, activo e responsável pela sua própria aprendizagem, enquadra-se perfeitamente.
Porém, nem sempre estas premissas se verificam, nomeadamente em relação à auto-motivação e à responsabilidade, por um numeroso conjunto de factores.
Apesar disso, será desejável que os formandos sejam assim tratados, potenciando estas qualidades nuns e alertando os outros para a necessidade desta atitude.

O domínio mais utilizado na formação profissional ainda continua a ser o da transmissão, sobretudo em acções de formação sobre programação, sistemas operativos, redes, folhas de cálculo ou bases de dados, embora o da acreção também possa ser levado em conta, nomeadamente em cursos que incidam sobre a Web e as suas ferra-mentas, onde se mistura a aprendizagem formal com a informal.

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