sexta-feira, 23 de abril de 2010

APRENDIZAGEM E TECNOLOGIAS - Actividade 3

Temática: Abordagem da perspectiva Social sobre a Aprendizagem Colaborativa Mediada por Computador, Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL)


No seu artigo Building Collaborative Knowing: Elements of a Social Theory of CSCL, Gerry Stahl pretende desenvolver um enquadramento teórico para a Aprendizagem Colaborativa Mediada por Computador (CSCL - Computer Supported Collaborative Learning).
Em última análise, o autor pretende construir uma teoria que auxilie a enquadrar e a compreender o "processo pelo qual um pequeno grupo constrói novo conhecimento de forma colaborativa".
Segundo Stahl, "não se pode avançar sem teoria. Como é que desenvolvedores, professores ou pesquisadores saberão que tipo de software ou currículo desenvolver, como introduzi-lo na sala de aula, ou a forma de avaliar a sua eficácia, sem uma teoria da CSCL?".

Como é que a aprendizagem é perspectivada por Stahl?
Segundo Stahl, a aprendizagem pode ser vista como "a construção e acumulação gradual de artefactos cognitivos e linguísticos refinados e complexos".
No entanto, uma vez que a palavra “aprender” remete frequentemente para processos psicológicos ou mentais a nível do participante individual, o autor utiliza o termo "construir conhecimento", em vez de "aprendizagem". Ao invés de dizer que "um grupo aprende", diz que "constrói a extensão do seu conhecimento".
Quanto às formas como a "aprendizagem" pode ocorrer, G. S. descrimina: "em períodos de tempo mais curtos e mais longos, individual e socialmente, formal e informalmente, tácita e explicitamente, na prática e na teoria"; em relação às formas pelas quais as pessoas colaboraram e aprendem, enumera: "ensinando uns aos outros, vendo a partir de perspectivas diferentes, dividindo tarefas, partilhando resultados, "brainstorming", criticando, negociando, estabelecendo compromissos, concordando".
No entanto, este aprendizagem remete para o indivíduo e nele se centra.
Na construção de conhecimento colaborativo, os membros do grupo inventam conhecimentos e competências em conjunto que nenhum deles teria provavelmente construído sozinho.
No seu artigo, Stahl faz diversas referências à aprendizagem colaborativa; "A aprendizagem colaborativa é um processo de construção de significado (...) Grupos constroem significado e os indivíduos desenvolvem a sua compreensão (...) A aprendizagem colaborativa - como o alargamento do conhecimento do grupo - é construída nas interacções sociais, tais como o discurso."
A realização colaborativa é a chave da CSCL, pois é isso o que mais a diferencia da aprendizagem individual.
Actualmente, as aplicações da rede CSCL têm o potencial de envolver grupos na construção de conhecimento colaborativo numa escala anteriormente inimaginável.

Que relação tem a aprendizagem com o indivíduo? E com o grupo?
Em termos de cognição, Stahl coloca a ênfase no grupo, distanciando-se das perspectivas mais ortodoxas centradas especialmente no indivíduo: "Ao investigarmos a aprendizagem, podemos fazer uma análise quer observando o discurso do grupo como um todo, quer seguindo as trajectórias dos indivíduos no interior do discurso do grupo. Ou seja, podemo-nos concentrar tanto no grupo (...) como no indivíduo, como a unidade da nossa análise. (...) É difícil para a maioria das pessoas pensar em termos de cognição do grupo por causa do foco tradicional sobre o indivíduo (...) mas tal entendimento é necessário para a compreensão da abordagem social a uma teoria da CSCL."

Na aprendizagem, que papel é atribuído aos artefactos digitais?
Desde o tempo em que frequentei a escolaridade do 1º ciclo (na altura denominado "ensino primário") que me lembro da utilização dos mais diversos tipos de artefactos, nomeadamente gravuras e posters manuscritos repletos de imagens coladas, com o objectivo de facilitar a aprendizagem e cativar o interesse dos alunos.
Recuando uma geração, também a minha mãe, enquanto professora do ensino primário, os concebeu e utilizou profusamente. Um artefacto pode ser um simples documento ou uma imagem.
A definição de artefacto físico ou digital, bem como simbólico ou linguístico, que encontramos no artigo de Stahl, enquadra bem o que acabei de referir.
Actualmente, a construção do conhecimento ocorre de forma dramaticamente diferente num ambiente tecnológico. A tecnologia molda e dá forma aos artefactos. É, agora, possível conceber e criar artefactos digitais com muito maior facilidade, rapidez e eficácia, comparando com as últimas décadas. Estes tornaram-se muito mais apelativos e capazes de criar um impacto muito maior ao nível da aprendizagem. O seu objectivo, porém, permanece inalterado.

O que distingue a actividade de um grupo de estudantes do ensino básico/secundário numa situação experimental, da de um grupo de estudantes do ensino superior?
Na passagem do ensino básico/secundário, onde os alunos interagem face-a-face para as interacções mediadas por computador no ensino superior, muitos detalhes da interação alteram-se mas, ainda assim, mantêm características importantes.
Os alunos, ao nível do ensino superior, podem ter já mais competências e conhecimentos necessários para se empenharem na construção do conhecimento colaborativo de uma maneira mais efectiva.
Por exemplo, no ensino superior, a maioria dos estudantes já tem a noção do princípio de fazer variar apenas um parâmetro de cada vez numa situação experimental, mas no ensino básico/secundário tal entendimento é construído pela primeira vez, como é verificável na experiencia descrita no capítulo 2.2.
"Sem orientação e sem um contexto motivador, um grupo de estudantes raramente atingirá a construção do conhecimento profundo." Esta afirmação assume maior importância no contexto do ensino básico/secundário, onde se torna mais evidente essa necessidade de orientação e de motivação, ao contrário, por exemplo, de uma comunidade académica como é aquela que escolheu o ensino superior a distância, caracterizada maioritariamente por uma população activa profissionalmente, com responsabilidades familiares e com um grau superior de motivação e empenho.

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